Da Série Causos Paisagísticos:
Num avião da Ponte Aérea estamos Burle Marx e eu a caminho de São Paulo.
Sai um passageiro do banheiro da frente e vem andando pelo corredor quando, subitamente, percebe Roberto, abre os braços e inicia um discurso em alta voz:
- Nossa mãe! Que prazer estar viajando com o Sr.! Quanta honra!
E Roberto, um pouco incomodado com aquela pirotecnia:
- Ahn! Muito obrigado.
E o cara continua:
- Tenho uma admiração enorme pelo Sr.!
E Roberto:
- Ahnnn! Bondade sua!
E então o cara arremata o discurso:
- Eu li todos os seus livros!
O paisagista, irritado, franze o cenho:
- Eu não sou Jorge Amado.
O passageiro fica perplexo:
- Não é? Mas... Então quem é o Sr.?
- Roberto Burle Marx
Ainda surpreso, o inoportuno se recompõe:
- Ah, sim! Eu gosto de todos os seus jardins!
E, entre os sorrisos dos circundantes, segue voltando para sua poltrona, sem perder a pose.