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Da Série “Causos Paisagísticos”: Ainda a Kombi

Atualizado: 8 de set. de 2021



Quando fomos para a Amazônia, em 1982, uma das empresas que nos apoiou foi a VARIG. A cada cidade com aeroporto em que chegávamos, segundo nosso acordo, despachávamos por avião, gratuitamente, as mudas coletadas para o Rio de Janeiro, onde uma equipe as recebia e plantava-as no Sítio. Em troca, a empresa solicitou que pudesse pintar os logotipos da VARIG e Cruzeiro do Sul (na época, irmanadas) nas portas dianteiras das duas kombis que fizeram a viagem, a de Burle Marx e a minha. Levei as duas na oficina da empresa, no Caju. E as portas foram pintadas com os logotipos e os dizeres “MUDAS TRANSPORTADAS PELA VARIG – CRUZEIRO”. O combinado foi que, na volta, levaria as kombis outra vez à oficina, para remoção da publicidade e repintura das portas.


Com a Kombi de Roberto foi o que aconteceu. Ele pediu ao seu motorista que fosse ao Caju, e a pintura foi removida imediatamente. Mas a minha demorou um pouco mais. Eu era meu próprio motorista e, quando tinha tempo, não tinha disposição – e vice-versa - e as semanas foram passando.


Permitam-me interromper para um pequeno esclarecimento: Quem tem kombi sabe bem que é impossível passar num posto da Polícia Rodoviária sem ser parado. Deve ser uma espécie de preconceito policial: para eles, dono de Kombi ou transporta produtos sem nota fiscal, ou é vendedor de muamba e coisas roubadas ou ainda traficante ou algo do gênero!


Pois bem, voltando à pintura na porta, comecei a perceber que, de volta ao Rio, quando me aproximava de um posto da PR pela estrada o guarda, como de costume, me mandava encostar. Mas quando ia chegando perto, ele percebia o logo da VARIG na porta e mandava seguir em frente! Nem chegava a parar!


Nunca mais voltei ao Caju para remover aquela pintura! É verdade que eu tinha que explicar a muita gente por que andava numa kombi da VARIG. Mas era isso muito menos penoso do que ser indefectivelmente parado pela Polícia Rodoviária a cada viagem que fazia!


José Tabacow

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